Dia do Estudante

Porque hoje é o Dia do Estudante; porque "recordar é viver"; porque as saudades dos bons velhos tempos de bar são algumas; porque foram os melhores tempos das nossas vidas; porque fizemos o que quisemos, como quisemos e com quem quisemos; porque aprendemos e nos formámos; porque ensinámos o que sabíamos, da melhor forma que pudemos; porque a Tradição Académica merece ser conservada, recordada, estimada e respeitada; porque os amigos que ficaram foram muito poucos mas muito bons; porque até há uma versão desta música com um refrão bem mais engraçado (mas que eu não posso publicar), fica aqui uma homenagem a todos os Estudantes. Aos que foram, aos que são, e aos que hão-de ser.

Que negra sina ver-me assim
Que sorte e vil degradante
Ai que saudades eu sinto em mim
Do meu viver de estudante

Nesse fugaz tempo de Amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
Sem me ralar vivia eu
A vadiar e tudo mais eram cantigas

Nenhuma delas me prendeu
Deixá-las eu era canja
Até ao dia que apareceu
Essa traidora de franja

Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A malandrar com outros tais
E a dançar para os arraiais
Para namorar beber, folgar cantar o fado

Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia

Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
A que eu faltava sete dias por semana

O Fado é toda a minha fé
Embala, encanta e inebria
Dá gosto à gente ouvi-lo até
Na radio - telefonia

Quando é cantado e a rigor
Bem afinado e com fulgor
É belo o Fado, ninguém há quem lhe resista
É a canção mais popular, toda a emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de ser Doutor e ser Fadista

("Fado do Estudante" / Vasco Santana in "A Canção de Lisboa")